E se nao houvesse amanha?

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Se tivesse sentido de oportunidade dizia: "Vá podes falar!"

Se tivesse sentido de oportunidade dizia: "Vá podes falar!"
Eu nunca começaria a conversa, e tenho vergonha de o que digo a seguir. Mais vale estar calado!
Porque é que eu faço parte de meio mundo que espera pelo que há de vir, e não fala do que deve falar na devida altura?
Se isto fosse só de mim, mas noto o mesmo nas pessoas que me rodeiam.
Cenário : almoço, duas pessoas e com uma conversa estupidificantemente parva. Aliás, o fio de conversa não existia. Mas ambas as partes pareciam querer falar, mais que não seja do jogo de futebol de ontem, ou mesmo do fim da novela da semana passada…um almoço não implicava ouvir apenas o resto das pessoas, (no qual estavam a parecer ter conversas bastante conversadoras), ou ouvir o ranger dos próprios dentes a dissipar a refeição, nem implicava estar calados um para o outro sem nada a dizer. E quando a conversa se ia pegar, o verdadeiro sentido de oportunidade dizia:
-Vá podes falar!
-Não, desculpa fala tu!
-Eu é que interrompi, fala!
-Já não me lembro o que ia dizer.

Verdade, e a conversa ficava assim…Segundo a segundo, minuto a minuto, hora a hora… Poderia-se ficar dias, anos, décadas, séculos que a boca não se abria. Ninguém queria ter o começo, a conversa deveria partir de lá e não de cá. 
Almoço acaba, e saem ambos a correr para cada canto do restaurante, onde um "Adeus e até qualquer dia!" saiu porque a cortesia e a boa educação assim o foi educada.
E depois ao chegar a casa, cada um bate com a cabeça na parede mais plana e pergunta a si mesmo: "Porque não disse nada?". 
Pois é, assim se faz figura de parvo num almoço nos dias que correm.
Isto seria um bom exemplo de um "Vá podes falar!", de hoje. Diariamente isto me acontece. E assim ninguém chega a ouvir, as minhas opiniões a cerca dos assuntos, tudo o que queria dizer mas não digo.
Seja num café, espero sempre que o empregado me diga: "Deseja algo?!; seja ao cruzar me com alguém, espero que haja sempre um: "Boas! Então como vais?"; seja num super-mercado, onde aguardo ansiosamente por um: "Boa tarde!", para eu começar a falar.
O mais engraçado de tudo, é que depois disto, eu não me calo!
Estranho, mas é verdade. Espero sempre que se comece a conversa, apenas começar, depois disparo assim para o ar frases, onde depois pensando bem, deveria era estar bem caladinho e concentrar-me no que vou mesmo falar.
Mas sim, se começar uma conversa, tendo a mais forte vontade de começar, é assim tão difícil, o que será escalar o Monte Evarest, só com uma mão? E dois dedos… Cego…. E com grandes problemas intestinais… Isso sim deve ser difícil.
Mas não, começar uma conversa é muito difícil, oh tão não… Idiota! É ser extremamente estúpido achar que é a coisa mais difícil do mundo.
Porquê tanta dificuldade? O que custa dizer: "Olá, tudo bem?", "Prazer como está?", ou mesmo, "Gosto de ti!" ? Ou o que custa dizer a celebre palavra, que dita no estrangeiro é muito mais fácil… "Amo-te"?
Verdade, é muito mais fácil dizer, "Ti amo", "I love you", "Je t'aime", "S'agapo", "Ya tebe kahayu", "Ndimakukonda", "Ljubim te", "Ik ou va jo", "Aishiteru"…quer dizer, se calhar não é assim tão fácil. Mas sempre podemos tentar. E se não soubermos como dizer na nossa língua, usamos uma das atrás referidas, podemos é ter o azar, (ou a sorte) da pessoa perceber. Ou então julgar que lhe estamos a chamar um nome feio.
Mas bem, voltando de novo ao tema, e para terminar a minha análise do verdadeiro sentido de oportunidade, no qual chamo de "Vá podes falar!", eu digo para mim mesmo, que verdadeiramente eu tenho de mudar este meu defeito, se não ainda fico velho, só, com reumáticos, e com vergonha de começar uma conversa a dizer "Tenho coco na fralda!" à funcionaria do lar de idosos.

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